Wednesday, January 2, 2008
Os apelos à paz.
Mas o que é a paz? Um estado de coisas ou um estado de espírito?
Como definir – e, principalmente, como construir – este ideal que a humanidade busca há milênios?
Os historiadores associam períodos de paz ao domínio de uma grande potência. A Pax Romana, por exemplo, durou do império de Augusto César ao de Marco Aurélio; foram dois séculos em que Roma não se envolveu em grandes guerras, mas manteve a hegemonia pelo poder de intimidação de suas tropas. O mundo já viveu a Pax Britannica e vive hoje a Pax Americanna.
Mas é verdadeira a paz baseada na hegemonia militar de um grande poder? Ou ainda a paz que nasce do medo do outro, como na Guerra Fria?
“A ausência de conflito bélico significa o prosseguimento da guerra sob a aparência da paz. Nós percebemos que grande parte das nossas relações internacionais, diplomáticas, e mesmo das relações no interior dos países passam por uma preocupação cada vez mais crescente de manter latente os conflitos e tentar mascará-los, por assim dizer”, define Osvaldo Giacoia Jr, professor de filosofia da Unicamp.
No século 18, o filósofo alemão Immanuel Kant, chegou a propor uma paz perpétua. Para chegar a ela, os países deveriam obedecer a um conjunto de princípios: nenhum Estado, pequeno ou grande, poderia cair sob o domínio de outro; nenhuma nação deveria interferir no governo ou nas leis de outra. São regras até hoje presentes na atuação das Nações Unidas, mas que nem sempre são respeitadas.
Um outro filósofo, o holandês Baruch Spinoza, via no homem a força capaz de construir a paz. “Seu caminho de realização pessoal é um caminho que aponta na direção do incrimento máximo da felicidade”, explica Giacoia Jr. “Se você se sente neste estado quase de graça que Spinoza pensa, a sua relação com o mundo e com os outros será uma relação necessariamente pacífica".
A humanidade um dia vai alcançar a paz universal?
“A paz sempre será uma utopia, sempre será utopia. Agora, a diferença é o que nós entendemos por utopia. Na sensibilidade judaica e cristã, a utopia é o motivador cotidiano da minha ação”, responde o teólogo Afonso Soares, da PUC.
O homem tem, portanto, exemplos a seguir. E tem a força de grandes idéias para inspirar pequenas ações.
Cada um de nós que se mexe e se transforma, transforma toda a rede. Mahatma Gandhi dizia isso. Cada um de nós que dá um passo em direção à paz, toda a humanidade da um passo em direção à paz. Cada vez que me proponho, tento e faço – e se falho, tento outra vez – , eu estou fazendo com que toda a humanidade avance em direção a uma sociedade mais justa, mais harmoniosa e mais tranqüila, cheia de paz.
Que possamos construir juntos essa cultura de paz.
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