Opinião pública brasileira sofre de complexo de alemão
MARCOS FLAMÍNIO PERES
DE SÃO PAULO
Por que a ocupação do Complexo do Alemão foi aprovada quase em uníssono pela opinião pública? Qual foi o substrato sociocultural que endossou uma ação e um discurso tão fechados, em que não cabiam, num primeiro momento, nem fissuras nem antagonismos?
Uma hipótese é a ascensão da classe C, que há anos vem engrossando o caldo da classe média brasileira.
À medida que entra no mercado consumidor, preza as ideias de ordem, estabilidade e eficiência que vigem no mundo "pequeno burguês" em que se insere.
É sob esse novo status quo que se produz, que se ganha dinheiro e que se compram carros zero km, laptops e TVs de cristal líquido.
Mas também passa a desfrutar de cidadania, mesmo pálida, e pressiona o Estado a cumprir sua parte no pacto social. Esse é o lado bom.
O lado ruim é que pode temer seu avesso: a instabilidade, o mundo desorganizado em que a lei não se aplica. Nesse imaginário amorfo, o agente da desordem é tanto o narcotraficante quanto as favelas que ele aterroriza.
Há cinco anos, a França viveu algo assim. A classe média apoiou em massa a ação policial contra as revoltas nos subúrbios. Segregados econômica e racialmente, simbolizavam um país ineficiente, com saúde, educação e empregos declinantes.
O exemplo a seguir estava do outro lado da fronteira: a Alemanha, o esteio financeiro e industrial da União Europeia, com um Estado de Bem-Estar Social invejável e que integrava suas minorias. No reino da fantasia, era o país da organização e eficiência.
Na ordem capitalista, classe média é um modo não só de produzir, mas de ver e ser.
Por aqui, Dunga não se firmou na seleção justamente por ser o descendente de alemães que criaria ordem e hierarquia no microcosmo das quatro linhas? Não incorporava o Capitão Nascimento do escrete canarinho?
Não há melhor lugar para a nova classe média fazer valer seu complexo de alemão do que o Complexo do Alemão.
Wednesday, December 1, 2010
ANÁLISE-Opinião pública brasileira sofre de complexo de alemão
Saturday, November 20, 2010
A história das coisas
Thursday, November 18, 2010
O cão e a lebre
Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa perseguição, ele parou a caçada. Um pastor de cabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:
“Aquele pequeno animal é melhor corredor que você”.
O cão de caça respondeu:
“Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ela por sua vida.”
Fábula de Esopo (620—560 a.C.), um escravo e contador de histórias que viveu na Grécia Antiga
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Wednesday, November 17, 2010
Quais seriam os caminhos para melhoria de ensino no Brasil?
A cada ano letivo, milhões de crianças entram e saem da escola, passando durante esses anos, como simples período de divisão de responsabilidades do estado e dos pais sobre os novos brasileiros que se formam, pelo menos no papel.
A necessidade é de que cada criança e adolescente aprenda seu papel no mundo, isso só se dá criando condições para que esse ser humano tenha a capacidade de pensar e aprender, muito além do objetivo básico da educação, que é encaminhar para o mercado de trabalho que é a participação do cidadão como população economicamente ativa.
Educação para a vida e convivência social, construção do ser humano se dá por estímulos direcionados para o caráter pessoal do ser humano, o qual tem preocupação com seu papel na sociedade para tornar o local em que vive melhor, e criação de valores humanísticos, e não simplesmente ser mais uma pessoa no mundo, que muitas vezes somente exerce seu poder de manifestação de opiniões no exato momento que confirma o voto em eleições por pura obrigação.
Quando houver por parte de projetos elaborados e aprovados por políticos interessados em dar condição de criarmos pensadores da sociedade, por meio de nova forma de educação para a vida, com estímulos diretos a capacidade cognitiva de cada um, terá à longo prazo uma geração de pessoas empenhadas em propagar o conhecimento, sendo assim é somente uma única cartada inicial no presente, com fortes estímulos tanto na área financeira, quanto estrutural, com acompanhamento muito próximo a cada família com filhos em idade escolar.
Porém isso não traz os louros ou reconhecimentos a curto prazo para os inseridos no mundo político, por que em geral as ações devem se criar, propor e aplicar dentro dos quatros anos do mandato, para que tenha seus frutos, pura e simplesmente eleitoreiros, deixando o “futuro “ de lado, pois crianças que seriam beneficiadas não votam e seus pais, votam mas não pensam.
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Tuesday, November 9, 2010
Odie in orbit
When i try to think how the phisycs is possible in my life, i remember i need to study more, until the day i can have the full knowledge of the world orbit me.
Friday, November 5, 2010
Capacidade da existência
Ao longo da vida, em certos momentos ocorrem insights da autoconsciência do que é ser humano. A grande diferença da nossa existência é a capacidade de produzir e criar pensamentos. Então começamos a ponderar nossa capacidade de colaborar com o a existência do mundo. Com certeza em certo momento pensamos qual profissão teríamos quando fossemos adultos. Confesso que tive certos e breves pensamentos em ser político, mas a idéia de lutar por uma causa, seja qual fosse ela, se tornou tão obscura quanto a negritude das ações dos políticos noticiadas diariamente na mídia.
Claro fica que para ser influente, ou simplesmente não ser considerado “palha no mundo” como diz Jorge Ben Jor, só resta ir trabalhar, então percebi que usar a mente é uma ótima ferramenta de trabalho, e engana-se quem pensa que pensar não cansa, como se diz por aí que o cérebro é como um músculo, mas na verdade é um órgão, que necessita ser trabalhado como os músculos, para serem apresentados nos belos corpos de verão.
A capacidade de pensar só ocorre forçando o pensamento a existir, a questão é: sobre o que pensar? Isso depende diretamente do meio em que se vive, acesso a informação e da influência de pessoas que nos rodeiam que podem ser consideradas exemplos de vida a seguir. Como no caso da política, fica claro que o bom político tem como sua melhor ferramenta, saber pensar e transmitir de maneira clara articulando as palavras, saber persuadir e influenciar, tudo isso iniciando pela sua capacidade de pensar, acima de tudo ter um pensamento mais rápido possível.
Os desafios são muitos, só os vence quem os encara. Para mim, pensar,e ter uma identidade reconhecida por palavras, ou seja um estilo na transmissão de idéias é o desafio atual.
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Saturday, October 30, 2010
Calvin and Hobbes and (I hate ) frogs
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Thursday, October 28, 2010
The Calvin and Hobbes
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Wednesday, October 27, 2010
Índice da Falcatrua
A cada notícia de estatística apresentada sobre o ranking dos países mais corruptos, nós temos a infelicidade de nos encontrarmos entre os que recebem as piores notas, num índice de 0 a 10 o Brasil está com 3.7 de acordo com a ONG Transparência Internacional.
Ainda é comum vermos que a troca de favores, apadrinhamentos, propinas, lavagem de dinheiro, e até o famoso jeitinho brasileiro continua como cultura popular muito arraigada, sendo que por vezes até nos orgulhamos da malandragem, chegamos ao cumulo de em alguns estados essa ser a primeira característica destacada.
No momento em que o país se encontra no futuro, como ouvíamos tanto falar: “O Brasil é o país do futuro”, apesar de tantos problemas, como crises econômicas, crises ambientais, e violência desenfreada, descaso com a saúde publica, continuam sendo comum nessas áreas, pois a corrupção está em todos os níveis, desde o troco no supermercado até licitações de obras públicas milionárias, desde o simples empregado até os mais altos cargos de dirigentes, sejam públicos ou privados.
Cada dia é dia para pensar o que fazer para essa cultura do mal ser retirada da nossa convivência, o correto não é ser o errado. Em dias que o mal parece bem, cabe uma certa dose de conservadorismo, para que a ordem natural da convivência humana se mantenha, e não somente esperar pelo próximo escândalo, seja ele em âmbito nacional, estadual. Municipal ou mesmo pessoal.
Saturday, October 16, 2010
Mundo Monstro
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Thursday, September 9, 2010
Friday, September 3, 2010
Sobrevivendia raquitica
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4d/Casal_de_retirantes.jpg
A vida é dura pra quem é mole, pois cada ser vivente filho de deus nessa terra, tem sua cruz para carregar.
Às vezes nos sobrevêm o momento de autoanalise vem com maior intensidade, devido a dificuldades e mazelas da vida, que diariamente nos ocorrem.
Criam-se necessidades maiores, como o estimulo para sonhar, planejar buscar e fazer se dá por causa do desejo, esperança e fé.
Muitas das dificuldades são indignantes heranças. Sendo necessário um esforço extra na sua superação.
Como poucos são os recursos de necessidade primarias, imagine as secundárias. Um simples diálogo é uma vitória pessoal, vencer medos é um abismo, vencer o desconhecido é desesperador.
Só resta levantar e andar... Sempre em busca do melhor...
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Monday, August 9, 2010
2012
Recentemente auroras boreais ocorreram nos estados do Maine a Michigan, nos Estados Unidos. Já ouvi algumas professias de possiveis catastrofes, provenientes de tempestades solares, inversão dos polos da Terra, problemas nas redes elétricas e no serviço de satélites, pâne em todos os produtos elétricos ligados, além de Alinhamento dos planetas, aquecimento global...
agora alguns fatos começam a se tornais reais, doferente da graça que se fazia ao dizer que o mundo vai acabar em 2012,os fatos estão começando a ocorrer e as peças começo a juntar, e penso será?
Imagem da NASA mostra erupções no Sol
DE SÃO PAULO
A Nasa divulgou ontem foto que mostra erupções magnéticas no Sol na última semana (as cores foram tratadas para facilitar a identificação das erupções). Ele não ficava tão ativo desde 2001.
Erupções criam tempestades de partículas carregadas que atingem a Terra. Quando chegam, fazem brilhar o céu das regiões polares.
Elas devem aumentar até 2013 - a atividade solar segue um ciclo de cerca de 11 anos. O astro está acordando, após anos de calmaria.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0908201003.htm (p/ assinates)
agora alguns fatos começam a se tornais reais, doferente da graça que se fazia ao dizer que o mundo vai acabar em 2012,os fatos estão começando a ocorrer e as peças começo a juntar, e penso será?
Imagem da NASA mostra erupções no Sol
DE SÃO PAULO
A Nasa divulgou ontem foto que mostra erupções magnéticas no Sol na última semana (as cores foram tratadas para facilitar a identificação das erupções). Ele não ficava tão ativo desde 2001.
Erupções criam tempestades de partículas carregadas que atingem a Terra. Quando chegam, fazem brilhar o céu das regiões polares.
Elas devem aumentar até 2013 - a atividade solar segue um ciclo de cerca de 11 anos. O astro está acordando, após anos de calmaria.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0908201003.htm (p/ assinates)
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Sunday, August 1, 2010
Deve se duvidar de tudo
Josué Cândido da Silva*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
Se alguém lhe perguntasse "O que você conhece?", você poderia pensar em uma porção de coisas, a maioria delas adquiridas em sua experiência cotidiana. Mas se a pessoa insistisse e perguntasse "Algo do que você sabe é realmente verdade? Apostaria sua vida nisso?", essas questões complicariam um bocado as coisas.
Eu, por exemplo, poderia dizer que tenho certeza que sou filho dos meus pais, mas talvez eu tivesse sido adotado ou trocado na maternidade e estar enganado a esse respeito. Poderia ainda estar enganado sobre uma série de outras coisas que até então julgava certas. E se reparar direito, tudo o que eu tenho são crenças, algumas até muito razoáveis, mas nada de que eu possa dizer que é uma verdade irrefutável. Percebo, então, que me falta um parâmetro para examinar as minhas crenças e verificar quais são realmente certas e quais são falsas.
Condições universais de validade
Durante a história da filosofia, vários foram os filósofos que tentaram estabelecer as condições para que algo fosse tomado como absolutamente verdadeiro, isto é, uma verdade que independesse de fatores circunstanciais e que fosse algo que não fosse verdadeiro para mim ou para um grupo de pessoas, mas para todos os seres racionais.
Você deve estar cansado de ver por aí grupos de pessoas com crenças estranhas, que dizem que eles estão certos e todos os outros enganados. Nesse caso, como decidir quem está certo? Votando? Mas se a maioria estiver errada e o pequeno grupo estiver certo, nunca conheceremos a verdade porque eles sempre perderão nas votações. É preciso que se trate de uma verdade universal, isto é, válida para todos, tanto para a maioria quanto para as minorias. Portanto, o que os filósofos investigam são as condições universais de validade, aquelas condições que independem das opiniões particulares que eu ou você possamos ter.
Ceticismo
Na investigação sobre as condições de validade do nosso conhecimento um grupo de filósofos merece destaque: os céticos. O termo cético vem da palavra grega skepsis, que significa "exame". Atualmente, dizemos que uma pessoa cética é alguém que não acredita em nada, mas não é bem assim. Um filósofo cético é aquele que coloca suas crenças e as dos outros sob exame, a fim de verificar se elas são realmente dignas de crédito ou não.
Pirro de Elis (360-275 a.C.) é considerado o fundador do ceticismo. Segundo ele, não podemos ter posições definitivas sobre determinado assunto, pois mesmo pessoas muito sábias podem ter posições absolutamente opostas sobre um mesmo tema e ótimos argumentos para fundamentar suas posições. Nesse caso, Pirro nos aconselha a suspensão do juízo e a mantermos nossa mente tranqüila (ataraxia). Ao invés de enfrentarmos o desgaste de acalorados debates que não produzirão certeza alguma, devemos manter silêncio (apraxia) e preservar uma atitude de suspeita diante de qualquer tipo de dogmatismo.
Depois de Pirro, muitos outros filósofos tornaram o ceticismo uma das mais importantes correntes filosóficas até os dias de hoje. Atualmente, alguns céticos defendem o probabilismo ou falibilismo, ou seja, na impossibilidade de encontrarmos verdades absolutas, seja pelas limitações de nossos sentidos e intelecto, seja pela complexidade da realidade, devemos tratar nossas crenças sempre como provisórias, como quem anda em gelo fino.
Desse modo, um cético nunca seria pego de surpresa se algo que todos acreditavam ser verdade se revelasse falso no futuro. Por outro lado, reconhecer que as verdades são provisórias não significa uma completa inação. Sabemos que os remédios são falhos, mas são a única coisa que temos para combater as doenças.
Isso também vale para o campo da ética. O filósofo Montaigne propunha que vivêssemos em harmonia com os costumes de nosso povo ou cultura, pois embora eles sejam falhos, são tão falhos quanto os de qualquer outro povo, não havendo razão para preferir este a aquele.
Despertar do sono dogmático
Conta a lenda que Pirro morreu enquanto dava aula de olhos vendados. Um aluno o teria alertado quanto ao precipício à sua frente. Cético, Pirro desconfiou do aluno e caiu. Essa lenda, obviamente, pretende mostrar os perigos de se duvidar de tudo. Mas será que um cético autêntico não duvidaria também de suas próprias dúvidas?
Odiado por alguns, o cético é como a abelha que aferroa o boi do conhecimento, retirando-o da mesmice das ideias prontas e acabadas, nos provocando, por meio da dúvida, a investigar a fundo os pressupostos de nossas crenças; ou, como diria Kant, o cético é aquele que nos desperta do nosso sono dogmático para lembrar-nos que pensar não é um fim, mas uma atividade.
Ceci n'est pas une pipe
Em "A perfídia das imagens", o surrealista René Magritte fez o desenho quase fotográfico de um cachimbo e escreveu em baixo: "Isto não é um cachimbo". Não se pode discordar dele, pois aquilo é, de fato, a imagem de um cachimbo. Ou seja, as aparências enganam! Deve-se duvidar de tudo? É o que recomendam alguns filósofos.
Ser o que não não sou, não sou o que deveria ser, procuro ser o que queria ser, sou o que não quero, o que eu quero não sou. O que ser??
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René Magritte
Saturday, July 24, 2010
Ouro verde / artigo
21/07/2010
Opinião
JOÃO LUIZ MAUAD
A explosão da plataforma da British Petroleum no Golfo do México foi uma tragédia. Além da perda de vidas, milhares de barris de óleo cru vazaram durante meses do fundo do mar, trazendo impactos ambientais tremendos. A BP é responsável, sem dúvida alguma, por prejuízos ainda incalculáveis, que demandarão anos e bilhões de dólares para sanar.
Mas o acidente foi também uma dádiva para certo radicalismo ambientalista, há muito imbuído da redentora missão de banir os combustíveis fósseis do convívio humano. Logo de cara, o presidente Obama voltou atrás na decisão de liberar a exploração de petróleo e gás em parte da plataforma continental norteamericana, há décadas proibida por leis ambientais. Em seguida, o mesmo Obama decretou uma moratória da prospecção no Golfo do México. Os governos europeus, por seu turno, ameaçam a indústria petrolífera com tantas novas regulamentações que o próprio negócio pode tornar-se inviável por lá.
Por maiores que tenham sido o desastre e os prejuízos dele derivados, será que essa “guerra santa” é justificável? Se consumimos hidrocarbonetos, é porque eles nos garantem níveis de prosperidade, conforto e mobilidade como nenhum outro combustível. A energia deles obtida melhora nossa saúde, reduz a pobreza, permite uma vida mais longa, segura e melhor. Ademais, o petróleo não nos fornece somente energia, mas também plásticos, fibras sintéticas, asfalto, lubrificantes, tintas e uma infinidade de outros produtos.
“O petróleo talvez seja a mais flexível substância jamais descoberta”, escreveu Robert Bryce em “Power Hungry”, um livro iconoclástico sobre energia. “O petróleo”, diz ele, “mais do que qualquer outra substância, ajudou a encurtar distâncias.
Graças à sua alta densidade energética, ele é o combustível quase perfeito para a utilização em todos os tipos de veículos, de barcos a aviões, de carros a motocicletas. Não importa se medido por peso ou volume, o petróleo refinado produz mais energia do que praticamente qualquer outra substância comumente disponível na natureza. Essa energia é, além de tudo, fácil de manusear, relativamente barata e limpa”.
Caso o petróleo não existisse, brinca Bryce, “teríamos que inventá-lo”.
Mas nem tudo são flores, como bem demonstra o desastre recente. Como quase tudo na vida, há o lado bom e o lado ruim. Estatisticamente, para cada avião produzido, a probabilidade de acidentes aumenta, trazendo riscos aos usuários. Todavia, deixar de construir aviões não seria uma decisão razoável, já que os benefícios gerados superam em muito os eventuais malefícios. Da mesma maneira, ao decidirmos pelo uso medicinal de determinadas drogas, estamos cientes de que uma pequena fração de consumidores é suscetível a efeitos colaterais muitas vezes graves. No entanto, em vista da eficácia dessas substâncias para a maioria, não hesitamos em produzilas. Com efeito, a prospecção de petróleo, principalmente em alto-mar, envolverá sempre riscos. E o fato de ser impossível eliminá-los não é motivo para banir esta dádiva da natureza.
Algum dia, no futuro, haverá fontes de energia tão ou mais abundantes, eficientes, limpas e economicamente viáveis que os hidrocarbonetos. Em termos de rendimento econômico e ambiental, essas novas fontes deverão produzir o máximo de energia, em escala sustentável e, principalmente, no menor espaço possível, já que uma das maiores carências da humanidade é a terra utilizável.
Quanto mais terras nós ocupamos para produzir energia, menos espaço teremos para as florestas, a agricultura e a pecuária. Mas esta revolução energética parece ainda distante. O fato é que as ditas “energias verdes” — solar, eólica e biocombustíveis —, além de estarem bem longe de uma escala sustentável, precisam de grandes espaços para que sejam minimamente viáveis.
Portanto, se excluirmos da equação o (discutível) argumento das mudanças climáticas, uma coisa torna-se inescapavelmente clara: os combustíveis fósseis têm sido uma grande bênção, não só para a humanidade, mas para o meio ambiente. Foi graças a eles, por exemplo, que o óleo de baleia e a madeira deixaram de ser utilizados como combustível, seja para iluminação, para aquecer as residências ou para fazer mover os veículos. Sem o petróleo, o gás e o carvão mineral, provavelmente teríamos hoje muito menos baleias, florestas e parques.
Por mais que isto possa parecer estranho a alguns, a verdadeira energia verde são os combustíveis fósseis.
fONTE:http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/o-globo/2010/07/21/ouro-verde-artigo
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Filosofia é como o Bart: Irreverentre e faz perguntas inoportunas
A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. A filosofia é uma maneira de pensar e é também uma postura diante do mundo.
Antes de mais nada, ela é uma forma de observar a realidade que procura pensar os acontecimentos além da sua aparência imediata. Ela pode se voltar para qualquer objeto: pode pensar sobre a ciência, seus valores e seus métodos; pode pensar sobre a religião, a arte; o próprio homem, em sua vida cotidiana.
Uma história em quadrinhos ou uma canção popular podem ser objeto da reflexão filosófica. Há alguns anos, foi publicado no Brasil, um livro chamado "Os Simpsons e a Filosofia", que tratava das questões filosóficas implícitas no famoso desenho animado da TV.
Como o próprio Bart Simpson, a filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, faz entrever outros mundos e outros modos de compreender a vida.
Uma disciplina indisciplinada
Por isso, a filosofia incomoda, pois ela questiona o modo de ser das pessoas, das sociedades, do mundo. Discute as práticas política, científica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. Não há área onde ela não se meta, não indague, não perturbe. E, nesse sentido, a filosofia pode ser perigosa ou subversiva, pois pode virar a ordem estabelecida de cabeça para baixo.
Quando surgiu entre os gregos, no século 6 a.C., a filosofia englobava tanto a indagação filosófica propriamente dita, quanto aquilo que hoje é chamado de conhecimento científico. O filósofo refletia e teorizava sobre todos os assuntos, procurando responder não só ao porquê das coisas, mas, também, ao como, ou seja, ao modo pelo qual elas acontecem ou "funcionam".
Euclides, Tales e Pitágoras, por exemplo, foram filósofos que também se dedicaram ao estudo da geometria. Aristóteles, por sua vez, investigou problemas físicos e astronômicos, na medida em que esses problemas também interessavam à cultura e à sociedade de sua época.
O saber científico
Só a partir do século 17, com o aperfeiçoamento do método científico - baseado na observação, na experimentação e matematização dos resultados -, a ciência tal qual a entendemos hoje começou a se constituir, como uma forma específica de abordagem do real que se destacava ou desprendia da filosofia propriamente dita.
Afastando-se da filosofia por se tornarem mais específicas, apareceram pouco a pouco as ciências particulares, que investigam determinados aspectos da realidade: à física interessam os movimentos dos corpos; à biologia, a natureza dos seres vivos; à química, as transformações das substâncias; à astronomia, os corpos celestes; à psicologia, os mecanismos do funcionamento da mente humana; à sociologia, a organização social, etc.
O conhecimento fragmenta-se entre as várias ciências, pois cada uma se ocupa somente de uma parte do real. Estudam os fenômenos que pertencem à sua área específica e pretendem mostrar como estes ocorrem e como se relacionam com outros fenômenos. A posse do conhecimento sobre os fenômenos naturais e humanos gera a possibilidade de prevê-los e controlá-los.
Integração e totalidade
Por outro lado, a filosofia trata dessa mesma realidade, só que - em vez de separá-la em conhecimentos particulares e estanques - considera-a no interior da totalidade de fenômenos, ou seja, procura enxergar a realidade a partir de uma visão de conjunto. Qualquer que seja o problema, a reflexão filosófica considera cada um de seus aspectos, relacionando-o ao contexto dentro do qual ele se insere e restabelecendo a integridade do universo humano.
Sob o ponto de vista filosófico, por exemplo, é impossível considerar os problemas econômicos do Brasil somente a partir de princípios de economia. É necessário relacioná-la com os interesses das diversas classes sociais, os interesses políticos, os interesses nacionais, etc.
Um país economicamente instável é um país política e socialmente instável. Já para a ciência econômica isso não vem ao caso. Para a economia, interessa somente verificar como a inflação ou a recessão funciona para poder controlá-la, independentemente dos reflexos que esse controle tenha para a sociedade.
Perguntas e mais perguntas
Por isso, sem desmerecer o conhecimento especializado das várias ciências, a reflexão filosófica é sempre - mais do que necessária - obrigatória. Cabe ao filósofo refletir sobre o que é ciência, o que é método científico, qual a sua validade e seus limites.
A ciência é realmente um conhecimento objetivo? O que é a objetividade e até que ponto um sujeito histórico - o cientista - pode ser objetivo, isto é, isento de interesses pessoais? Cabe ao filósofo, também, refletir sobre a condição humana atual: o que é o homem? O que é liberdade? O que é trabalho? Quais as relações entre homem e trabalho? É possível existir uma outra ordem social?
A própria escola é alvo de reflexão filosófica. A educação pressupõe uma visão do homem como um ser incompleto, que pode ser aprimorado, educado, ao contrário dos animais, que não precisam ser educados, pois orientam-se pelos instintos. Só os educamos, ou domesticamos, para acomodá-los às nossas necessidades humanas.
O caso dos homens é diferente, sem dúvida, mas, para que o ser humano é educado? Para o exercício da liberdade e da responsabilidade ou só para se inserir na ordem estabelecida? Em outras palavras, a educação ocorre para cada homem saber pensar por si próprio ou para aceitar as regras que outros pensaram para ele?
A filosofia quer encontrar o significado mais profundo dos fenômenos. Não basta saber como funcionam, mas o que significam na ordem geral do mundo humano. A filosofia emite juízos de valor ao julgar cada fato, cada ação em relação ao todo. A filosofia vai além daquilo que é, para propor como poderia ser. E, portanto, indispensável para a vida de todos nós, que desejamos ser seres humanos completos, cidadãos livres e responsáveis por nossas escolhas.
Características do pensamento filosófico
O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, descobrindo seus significados mais profundos. Porém, como se faz isso?
Em primeiro lugar, é preciso estabelecer o que é reflexão. Refletir é pensar, considerar cuidadosamente o que já foi pensado. Como um espelho que reflete a nossa imagem, a reflexão do filósofo também deixa ver, revela, mostra, traduz os valores envolvidos nas coisas, nos acontecimentos e nas ações humanas.
Para chegar a isso, segundo o filósofo e educador Demerval Saviani, a reflexão filosófica deve possuir as seguintes características:
Radicalidade - ou seja, chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, aos seus fundamentos; à sua origem, não só cronológica, mas no sentido de chegar aos valores originais que possibilitaram o fato. A reflexão filosófica, portanto, é uma reflexão em profundidade.
Rigor - isto é, seguir um método adequado ao objeto em estudo, com todo o rigor, colocando em questão as respostas mais superficiais, comuns à sabedoria popular e a algumas generalizações científicas apressadas.
Contextualidade - como já se disse antes, a filosofia não considera os problemas isoladamente, mas dentro de um conjunto de fatos, fatores e valores que estão relacionados entre si. A reflexão filosófica contextualiza os problemas tanto verticalmente, dentro do desenvolvimento histórico, quanto horizontalmente, relacionando-os a outros aspectos da situação da época.
Assim, embora os sistemas filosóficos possam chegar a conclusões diversas, dependendo das premissas de partida e da situação histórica dos próprios pensadores, o processo do filosofar será sempre marcado por essas características, resultando em uma reflexão rigorosa, radical e de conjunto.
*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação
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Tuesday, July 13, 2010
Indice Gordurama Big Mac
O que um Big Mac pode nos dizer sobre o preço do chá na China? Ao que parece, muita coisa.
Por 24 anos, a revista “The Economist” mediu o valor das moedas em todo o mundo usando dois hamburgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, pickles e pão com gergelim.
A China, por exemplo, onde é possível comprar quase dois Big Macs pelo preço de um nos EUA, tem a moeda mais desvalorizada do mundo, concluiu a revista recentemente.
O Índice Big Mac foi criado para explicar um conceito econômico chamado paridade de poder de consumo, o conceito de que um dólar deveria comprar a mesma quantidade de um país para o outro. Se houvesse paridade, o preço de um produto – nesse caso um Big Mac – deveria ser o mesmo em todo o mundo.
O índice deste ano descobriu que os preços do Big Mac, convertidos para dólares norte-americanos, variava de US$ 6,87 na Noruega até US$ 1,83 na China. O preço médio nos Estados Unidos é US$ 3,58.
Embora o Índice Big Mac seja uma forma nova de olhar para o que o dólar é capaz de comprar em diferentes países, ele também se mostrou bastante acurado para indicar mudanças nas moedas, disse o professor Dave Denslow da Universidade da Flórida.
“Se o Índice Big Mac diz que uma moeda está desvalorizada, ela tende a se valorizar”, diz Denslow.
Foi exatamente o que aconteceu com a moeda chinesa, embora a pressão dos EUA e dos governos europeus tenha provavelmente exercido um peso maior sobre as mentes das autoridades chinesas do que uma palavra de uma publicação de negócios britânica.
No mês passado, poucos dias antes da reunião do G-20, a China anunciou que irá valorizar novamente o yuan.
Sindicatos e trabalhadores podem se beneficiar com isso porque as fábricas norte-americanas tinham dificuldades em competir com o baixo custo do trabalho e dos produtos da China.
Mas mais americanos poderão sentir a pressão disso em seus bolsos. Muito do que eles compram é importado da China, e um yuan mais caro irá fazer os preços subirem.
O alcance mundial do McDonald's faz com que o seu sanduíche mais famoso seja o produto perfeito, diz Rick Wade, que é dono de dez franquias da marca em Palm Beach County.
O Big Mac é vendido em mais de 100 países, em mais de 80% das 32 mil lojas do McDonald's no mundo. Franquias de poucos países rejeitam o produto por motivos culturais ou religiosos.
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Mas onde quer que ele seja vendido, a megacorporação controla de perto a qualidade do produto, tornando fácil comparar o preço de um Big Mac em Boynton Beach com um em Bahrain, diz Wade.
Quando Wade faz um pedido de hambúrgueres, ele escolhe entre cerca de três fornecedores, diz ele. E ele não pode simplesmente misturar o molho picante característico dos sanduíches em suas cozinhas. Ele precisa comprar o molho de um distribuidor aprovado para garantir que o hamburguer que ele venda seja fiel ao original.
“Esta é a razão pela qual o McDonald's é a marca que é, que é uma marca global tão poderosa”, diz Wade.
Com frequência, as franquias em outros continentes compram de fornecedores dos EUA, diz Wade.
A necessidade de vender um produto uniforme quase levou à falência as três franquias do McDonald's na Islândia, quando a moeda do país isolado no Ártico caiu no ano passado.
O empresário Magnus Ogmundsson disse à Associated Press que na época ele era obrigado por seu contrato com o McDonald's a importar praticamente todos os ingredientes do sanduíche da Alemanha.
Como a moeda islandesa, o krona, havia se desvalorizado muito, Ogmundosson teria que cobrar o equivalente a US$ 6,36 por sanduíche, o que o tornaria um dos Big Macs mais caros do mundo.
Em vez disso, Ogmundsson decidiu fechar suas três lojas e disse que planeja abrir outra franquia de hambúrgueres que não exija importações tão caras.
Pode ser que o povo chinês e os turistas do país não vejam muita diferença no preço de um Big Mac durante algum tempo. Desde que a “The Economist” atualizou seu índice em março, o yuan valorizou apenas 1%.
E isso é provavelmente uma boa notícia – e não apenas para quem gosta de um bom e gorduroso hambúrguer.
Os chineses têm boa parte da dívida norte-americana.
A moeda chinesa desvalorizada mantém as taxas de juros dos EUA mais baixas e permite que o governo norte-americano pague o seguro social das pessoas, por exemplo, emprestando dinheiro em vez de pagando-o com impostos, diz Denslow.
A valorização da moeda chinesa é “algo que queremos ver amanhã e não hoje”, diz ele.
Enquanto isso, a passagem de avião pode ser cara, mas a China é o melhor lugar para comer um hambúrguer barato.
Tradução: Eloise De Vylder`- The Economist
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